30 junho 2018

MERCADOS E MERCADORES





Dos Jornais
VRSA: autarquia inicia obra de remodelação na cobertura do Mercado Municipal
Primeira fase de requalificação do Mercado Municipal de VRSA está concluída.

O Srº Vice-Presidente afirma por seu turno:
A OBRA “CORRESPONDE A UMA AMBIÇÃO HÁ MUITO DESEJADA, DANDO MELHORES CONDIÇÕES A QUEM COMPRA, A QUEM VENDE E A QUEM NOS VISITA”, EXPLICA O VICE-PRESIDENTE DA AUTARQUIA DE VRSA, LUÍS ROMÃO. “POR OUTRO LADO, QUEREMOS TORNAR O MERCADO MAIS ATRACTIVO E MAIS DINÂMICO PARA QUE AS PESSOAS REGRESSEM A ESTE ESPAÇO QUE SERÁ, NO FUTURO, NÃO SÓ UM PONTO DE COMÉRCIO, MAS TAMBÉM DE LAZER E ESTADIA”, AFIRMA O AUTARCA.

A realidade porém é outra. É de lamentar a cegueira de querer de tudo tirar partido político e fazer propaganda grandiosa do mais pequeno e corriqueiro acto.
Afinal a montanha pariu um rato e perdeu-se a oportunidade, em nosso entender, de fazer uma reforma a sério do Mercado Municipal.
O texto que se publica da autoria do Srº ATacão esclarece técnicamente e não só as vicissitudes da obra e desmonta a auto-propaganda feita.
AMA

Mercado Municipal

Análise Critica á “Requalificação Mediática”

Generalidades
O Mercado Municipal de V.R.S.A. é, seguramente, o pior de todos os mercados activos do Reino dos Algarves. Este provável estatuto permitir-lhe-ia, na senda da promoção da nobilidade ensaiado pelo anterior califado, candidatar-se a património mundial desmaterial da mediocridade.
A sua provecta idade de cerca de quatro décadas, aliada á mais ignominiosa incúria das autarquias que provêm da sua génese, mais o assemelha a um equipamento de concepção/utilização medieval. Contudo esta vetusta idade nada é, comparando-a com a do recentemente REQUALIFICADO mercado de Olhão.
O seu declínio mais se acentuou com o inenarrável reinado do sátrapa Gomes e suas rémoras correligionárias, (i)rresponsáveis pela gestão do pelouro durante o último decénio, e a que consagraram o mais ignóbil e sobranceiro desprezo.
Como corolário do atrás exposto, aliado ao inevitável desgaste e á obsolescência do equipamento, justo é salientar que a um Luís Romão, bom de bola e exímio contorcionista, mas parco de engenho, esgotado este na arte da promoção dos bens metafísicos e da elaboração meticulosa de biografias sobre o emparelhamento dos átomos, e a quem o termo projecto, escutado pela primeira vez, lhe cause a confusão não étima mas fonética com dejecto, lhe saiu um presente anunciadamente envenenado.
De entre as suas incontáveis maleitas sobressai notavelmente a constituição material da sua cobertura em fibrocimento, que aglutina resíduos de amianto.
A proibição legal da sua utilização, longe de constituir um “ambicionado anseio da população”, remonta já ao longínquo ano de 2005 (DL n.º 101), e a obrigação da sua remoção, ao ano de 2007 (DL n.º 266), pelo que peca por tardia a recente iniciativa de promover obras para a sua consumação.
Outro problema de extraordinário impacto e semelhante dimensão, é o que configuram as redes prediais de águas residuais (despojos orgânicos resultantes da manipulação do pescado) e pluviais, tanto no que concerne á sua deficiente concepção original, como ao desgaste e desactualização (subdimensionamento) dos materiais e calibres em uso.
A temida austeridade, e provavelmente a superior ignorância acerca da incomensurável valia dos recursos humanos internos (entenda-se o fecundo quadro de técnicos superiores), pode ter levado o vereador a abdicar ou melhor a claudicar na necessidade de elaboração de projecto, para a execução da hilariante obra de “requalificação do mercado”, trocando-o por uma profusa e patética publicidade nos media, e surpreendentemente alterando a politica de contratação elitista praticada anteriormente, de forma opaca e contumaz, mas com evidentes contornos de inocultável cumplicidade, pelo melífluo Delapidador-Mor dos fundos, dos espaços e da honorabilidade pública.  

Factualidades
(em forma de decálogo)

1 – A planta que se supunha corresponder ao Levantamento Arquitectónico do Mercado mente, ao considerar a existência de dois conjuntos sanitários, quando na realidade não é mais que unicamente um.
2 – Dispensa comentários a notável intervenção levada a efeito no mesmo.
3 – A remoção das placas de fibrocimento foi, seguramente feita á revelia dos procedimentos de segurança legalmente exigidos e sem o conhecimento da Autoridade para as Condições do Trabalho.
4 – Os painéis de substituição deveriam ter forra térmica interna, com espessura compatível ás altas exposições solares, de incidência quase vertical em períodos de solstício, face á suave inclinação das águas da cobertura.
5 – O acrílico, ou seu sucedâneo, utilizado nos lanternis zenitais, deveria integrar uma película de obscurecimento transparente interno, de forma a eliminar reflexos e excessos de luminosidade, com perturbações na leitura dos monitores digitais das balanças.electrónicas
6 – O nível de intervenção nesta zona da cobertura mereceria uma melhor solução que a adoptada para eliminação dos tubos de queda das águas pluviais, que vinham caindo internamente, contornando grotescamente os capitéis das colunas do foyer. O ramal suspenso em PVC agora utilizado, pode vir a ser eficaz, mas por si só, é um elemento estético intrusivo e chocante. A oportunidade seria excelente para melhorar as condições de arejamento transversal das naves.
7 – A aplicação, sem aparente critério, da monomassa asfáltica no pavimento foi irremediável e duplamente catastrófica.
8 – Sem projecto, e confiando na “sábia experiência empírica” da empresa executante, não foi feito e indispensável levantamento topográfico das caixas de pavimento, e prescindiu-se misteriosamente de fiscalização e acompanhamento.
9 - Não se definiram previamente a orientação das pendentes transversais. Não se providenciou a abertura de sumidouros longitudinais a eixo dos percursos de circulação, causando um permanente lençol de inundação dos mesmos, nas zonas particularmente mais sensíveis do contacto com as bancas de venda e reduzindo drasticamente a altura de confronto público.
10 – A prometida intervenção nas mesmas, abstraindo-nos dos danos causados pela sua redução altimétrica, seria obrigatoriamente a do seu revestimento superior em chapa inoxidável, á semelhança do que foi, exemplarmente, praticado por alguns vendedores, e usuais em todos os mercados nacionais. (higiene dixit).    


ATacão






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