18 agosto 2009

CONCURSO PÚBLICO EM VÉSPERA DE ELEIÇÕES

Segundo notícia hoje publicada pretende a Câmara lançar um concurso público, no próximo mês Setembro, para a "requalificação da frente da praia de Monte gordo".
O investimento será na ordem dos 40 milhões de contos contando com parceria público-privados.
A proposta engloba a construção de um parque subterrâneo com capacidade para 800 a 1000 carros, áreas verdes, comércio, lazer e animação nocturna.
A par destes projectos temos o Plano de Pormenor da Zona de Expansão Poente de Monte Gordo com mais mil camas de um hotel de cinco estrelas e apartamentos turísticos.
O Parque de Campismo actual está na mira da autarquia para o qual está em elaboração mais um plano de pormenor, o qual prevê mais um hotel de cinco estrelas a subestituir o parque, um aparthotel, edifícios turísticos e de habitação, e um parque público.
Naturalmente o actual parque de campismo será chutado para longe, para não incomodar tantas estrelas e, apostamos, a comer mais uns hectares de mata.
Tudo isto em vésperas de eleições e sem discussão pública adequada é, no mínimo, eleitoralismo a mais e pouco sério.
O Plano Director Municipal, que já devia ter sido revisto há muito, continua a ser assassinado por planos de pormenor que criam situações de facto e assim se vai impondo uma vontade de alguns sobre os interesses da maioria.
A Câmara está endividada mas os planos chovem : é o do cemitério, o da avenida atrás do Tribunal que afinal morreu no berço e agora já é outra coisa, para não falar da ideia peregrina de um parque de estacionamento debaixo da Praça Marquês de Pombal etc.
Não se contesta a intenção de fazer coisas, mas é legítimo perguntar se é este o tipo de desenvolvimento que se pretende para o concelho, mais do mesmo, betão por todo lado, edifícios que nada acrescentam de interesse à paisagem urbana e um futuro de roleta condicionado pela indústria volátil do turismo, boa em tempos de vacas gordas, perigosa em tempos de crise.
Turismo de qualidade exigiria olhar com outros olhos que não os dos lucrativos fazedores de betão, com edifícios que tivessem em conta não só a beleza mas também as características da região, preparados para usar energias alternativas, e com uma retaguarda produtiva na indústria e nas pescas, e respeitosa do ambiente.
O Guadiana não é aproveitado e tem potencialidades imensas, a cultura não pode ser só o corridinho "Alma Algarvia" e mais umas boites para o álcool e noitadas etc.
Discuta-se a sério, com a população, a revisão do PDM com os olhos postos no futuro.