27 janeiro 2012

POSIÇÃO DA AMA SOBRE O PLANO DE PORMENOR DA ZEPMG

Para
Equipa Multidisciplinar de Gestão Territorial e Urbanística da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António

DISCUSSÃO PÚBLICA
da Proposta de Alteração do Plano de Pormenor
da Zona de Expansão Poente de Monte Gordo

A proposta de Alteração do Plano de Pormenor da Zona de Expansão Poente de Monte Gordo (PPZEPMG), posta à discussão desde o dia 28 de Dezembro de 2011, através do Aviso n.º 24774/2011, publicado no Diário da República de 27 de Dezembro de 2011, após análise, mereceu da nossa parte a seguinte apreciação.
1 – No dia 14 de Dezembro de 2011, foi apresentada esta proposta, que mereceu a aprovação do Executivo Municipal, com os votos favoráveis dos eleitos do PSD e com a abstenção da vereadora do PS, Jovita Ladeira.
2 – No dia 12 de Dezembro de 2011, foi convocada a Assembleia Municipal de Vila Real de Santo António para reunir em sessão ordinária no de 19 de Dezembro de 2011, constava na ordem de trabalhos, ponto 7 – APRECIAÇÃO E VOTAÇÃO DO PLANO DE PORMENOR DA ZONA DE EXPANSÃO POENTE DE MONTE GORDO. No início da sessão o Presidente da Assembleia Municipal, o Sr. Eduardo Luís Pires Pereira, retirou este ponto da ordem de trabalhos.
3 – No dia 27 de Dezembro de 2011, foi posta à discussão pública a Proposta de Alteração do Plano de Pormenor da Zona de Expansão Poente de Monte Gordo (PPZEPMG), que pretende alterar o uso do solo, de uso turístico consagrado no Núcleo NA, para o uso de habitação coletiva.
4 – Segundo o PDM de Vila Real de Santo António em vigor há quase vinte anos, em fase de revisão, o uso do solo previsto para aquela zona é ZTE, Zona Turística de Expansão, o que não permite que tal alteração se concretize.
5 – O Plano de Pormenor da Zona de Expansão Poente de Monte Gordo (PPZEPMG), foi aprovado em sessão de Câmara de 3 de Novembro de 2009 e aprovado em sessão da Assembleia Municipal de Vila Real de Santo António, na sua sessão extraordinária de 13 de Dezembro de 2009 iniciando-se a sua vigência em 28 de Novembro de 2009, no dia a seguir ao da sua publicação no Diário da República. Neste momento tem 2 anos e 1 mês de vigência.
6 – Segundo o art.º 95.º do Decreto-Lei n.º 380/99 republicado em 19 de Setembro de 2007, os planos municipais e os planos especiais de ordenamento do território só podem ser objecto de alteração decorridos 3 anos sobre a respetiva entrada em vigor.  
7- A proposta de Alteração ao Plano de Pormenor da Zona de Expansão Poente de Monte Gordo (PPZEPMG) não é compatível, com a legislação, nem conforme com PDM-Plano Director Municipal de Vila Real de Santo António, violando claramente as suas disposições fundamentais no que concerne ao uso dos solos.
8 – A situação de crise invocada é para todos e não vemos da parte dos responsáveis autárquicos e outros, interesse em concluir a revisão em curso do PDM- Plano Diretor Municipal de Vila Real de Santo António
9 – O PDM-Plano Diretor de Vila Real de Santo António, é aplicável na totalidade da área do território do Município, as suas disposições são de cumprimento obrigatório em todas as intervenções de iniciativa pública e promoção de iniciativa privada.
10 – Já em 1987 as entidades oficiais, durante a elaboração do PDM-Plano Diretor Municipal de Vila Real de Santo António, alertavam para o resultado de uma expansão urbana mal orientada, num tecido urbano já descaracterizado nalguns pontos, referindo que uma expansão urbana - turística orientada segundo os moldes existentes poderia contribuir para um fluxo de pessoas e veículos num período restrito e, consequentemente, um agravar de congestionamento. Tais previsões, infelizmente têm vindo a ser confirmadas com a política de betonização levada a cabo.
11 – Caso esta proposta fosse aprovada iria trazer alterações à proposta de revisão do PDM no que se refere às novas áreas de construção e respetivos perímetros urbanos.
A proposta de Alteração ao Plano de Pormenor da Zona de Expansão Poente de Monte Gordo (PPZEPMG) deve ser retirada e anulada.


Vila Real de Santo António, 23 de Janeiro de 2012

21 janeiro 2012

OS SINAIS ESTÃO AÍ !

A Universidade do Algarve organizou um debate sobre a Reforma da Organização Territorial em que participaram alguns deputados eleitos pelo Algarve.
Para além de haver concordância com a regionalização que espera concretização há 35 anos, e a desconfiança de que esta "reforma" em curso  que visa diminuir o número de freguesias, acabar com a oposição nas câmaras e chutar a oposição só para as assembleias municipais, visa impedir a regionalização deslocando a discussão para outras matérias.
O interessante é que no meio do debate houve desabafos curiosos, alguns de Mendes Bota, com os quais temos de concordar, por exº " Esta reforma não deve ser feita para os autarcas nem a pensar neles, mas sim para servir a população"; ou preocupado com a limitação ainda maior no futuro da capacidade das assembleias municipais fiscalizarem as câmaras porque "alguns autarcas são caciques e déspotas".
Oxalá o seu partido oiça tão sábias palavras, coisa que não incomoda o Miguel Freitas do PS que acha que a "oposição deve ficar na assembleia municipal". E assim vamos, por isso não é de estranhar que o estudo agora publicado "Sobre a Qualidade da Democracia" confirme aquilo que já é visível na sociedade, a saber:
- um dos defeitos maiores da nossa democracia é a "falta de confiança nos políticos";
- que os autarcas estão no fim da escala das instituições que "dão voz às preocupações dos portugueses". Só 3% acham que não;
- 86% acham que se deve castigar os governos que governam mal e recompensar os que governam bem;
- os portugueses têm mais confiança nos movimentos sociais do que nos partidos e aderem mais às iniciativas não partidárias, quanto mais independentes dos partidos maior é a adesão;
- a um político acusado de corrupção deve ser de imediato suspenso o mandato.
O mais preocupante é o descrédito na democracia que leva 15% a admitir "que nalgumas circunstâncias, um governo autoritário é preferível a um sistema democrático".
Segundo os autores do estudo há um espaço à direita que ainda não foi aproveitado, fundamentalmente devido ao facto do nosso sistema oferecer uma válvula de escape a esse populismo e autoritarismo "que é o poder local, que é clientelar e não é fiscalizado".
Rezemos!

15 janeiro 2012

AMBIENTE E ORDENAMENTO COM NOVAS AMEAÇAS

As notícias vão pingando, agora uma coisa depois mais outra boca, e pelo meio lá vamos percebendo quais são as verdadeiras intenções do governo.
O objectivo é claro, atirar para cima das autarquias mais responsabilidades que ao poder central não interessam, enfraquecendo o Estado. As consequências desta política, oxalá nos enganemos, vão ser funestas.
Consta que no primeiro trimestre de 2012 o governo vai transferir para as câmaras competências no domínio dos recursos hídricos. Está em marcha, segundo bocas vindas de membros do governo, uma "reestruturação profunda" no ordenamento e no ambiente, o que nos deve alarmar.
Parece que, entre outras coisas, vão passar para as autarquias competências de gestão referentes ao domínio hídrico que inclui a possibilidade de licenciamentos; requalificações em linhas de água; gestão de apoios de praia etc.
Parece, consta, que o Ministério da Defesa que tutela a Marinha torce o nariz a tal perspectiva.
Temos, caso se concretize estas intenções, autênticas ameaças às áreas hídricas, grandes negociatas à vista, quem é que vai resistir à tentação de um licenciamentozinho para uma vivenda numa linha de água?, estender os toldos pagos pelo areal escorraçando os pobres dos chapéus de sol cada vez mais para longe etc.

09 janeiro 2012

A CCDR DO ALGARVE

As CCDR´s (Comissões Coordenadoras de Desenvolvimento Regional), são serviços desconcentrados da administração central com autonomia administrativa e financeira que têm por objectivo o planeamento e o desenvolvimento regional.
Dentro das suas competências, entre outras, estão o ambiente e o ordenamento do território, a conservação da natureza e da biodiversidade e a requalificação urbana.
Os responsáveis das CCDR´são nomeados pelos governos e estes cargos acabam por ser lugares de confiança política, de gente da cor, são mais um lugar de jobs for the boys, e deveriam antes ser lugares de competência técnica e profissional as serviço do interesse público e não de interesses partidários.
A Regionalização que não avança teria na CCDR`s uma estrutura já feita e com conhecimentos necessários de apoio do seu trabalho, mas isso faria perder aos governos uma rédea de controlo político e assim Portugal é o único país da UE que ainda não se regionalizou.
O novo governo vai avançar com uma nova lei orgânica da qual nada ainda se conhece. Esperemos que as CCDR´s não fiquem só a dar pareceres não vinculativos, como é a maioria dos seus pareceres hoje, deixando os autarcas perigosamente à solta.
Estão muitos PDM´s em fase de revisão e, no Algarve, vários projectos turísticos estão em processo de legalização.
Na corrida à presidência da CCDR algarvia estão dois dos actuais presidentes de câmara do PSD. Todos nós conhecemos o que tem sido o trabalho destruidor do ambiente e do ordenamento do território de muitas das câmaras algarvias pelo que dar a presidência da CCDR a um presidente de câmara, independentemente da pessoa, é um risco pelos laços de amizade e compadrio político existentes.
É abrir a porta do galinheiro à raposa. Podem afirmar que um autarca pela experiência do cargo tem condições para desempenhar bem o lugar. É precisamente esse o perigo, a "experiência". Naïf só pinturas como a desta mensagem.

06 janeiro 2012

COMPARAR FAZ PENSAR

Estas duas imagens servem para se poder comparar a situação actual (à esquerda para quem está ver no computador), e como será em breve ( imagem à direita para quem vê no computador), caso a Câmara consiga construir aqui, espaço a azul à direita, o tal Centro de Estágios com centenas de camas, vários pisos, parece que 6 ou 7 com altura provável de mais de 20 metros.
Como se pode observar o Centro de Estágios levará ao desaparecimento dos dois campos desportivos existentes e a zona ajardinada da qual já foi desactivado o parque infantil.
A zona a azul (zona de intervenção retirada de um documento público da SGU), vai assim ocupar desde o acesso ao pavilhão Ilídio Setúbal até aos campos de ténis, e da Duarte Pacheco até junto ao estádio.
Para construir algo novo será mesmo necessário destruir o que existe quando o que existe é bom!?
Hoje li uma frase na Revista Referencial, da Associação 25 de Abril, que aqui deixo:
" As medidas injustas que estão a ser impostas aos portugueses têm de ser travadas e, simultâneamente, com a mesma determinação e frontalidade, combatidas as razões internas que agravaram a crise importada, a começar pela corrupção política associada ao favorecimento de grupos de interesses ligados, por exemplo, ao urbanismo, à construção civil e ao favorecimento partidário".

04 janeiro 2012

FLORESTA e LEIS

O Provedor da Justiça alertou o Governo para a urgência da entrada em vigor do Código Florestal que já foi suspenso duas vezes.
A situação actual, segundo o Provedor, favorece a "delapidação da floresta", que se encontra desprotegida e o direito florestal está "votado ao esquecimento". Denuncia o Provedor que "as autoridades competentes dispõem de poderes quase nulos" e é necessário um regime de polícia florestal.
Multiplicam-se as práticas administrativas irregulares "para finalidades menos atendíveis do ponto de vista do interesse público".
Não podemos deixar de concordar com o Srº Provedor quando vemos ao pé de casa a situação propositada  em que se encontra uma das jóias que mereciam pelo seu valor económico, ambiental e turístico outro tratamento, atenção e salvaguarda de interesses especulativos.