É COM PROFUNDO PESAR QUE A AMA INFORMA DO FALECIMENTO DE JOÃO SANTOS.
FOI UM AMIGO DA AMA, AJUDOU, ACOSELHOU E INCENTIVOU A CONSTITUIÇÃO DA AMA. REUNIU CONNOSCO VÁRIAS VEZES.
APRESENTAMOS À FAMÍLIA E ASSOCIAÇÃO ALMARGEM OS NOSSOS SENTIDOS PÊSAMES.
AMA
Morreu um
histórico da defesa do Ambiente no Algarve
Corpo de João Santos, fundador e sócio n.º 1 da associação Almargem, vai
esta quinta-feira de Loulé para Setúbal, onde será cremado.
26 de
Dezembro de 2018
João Santos, um dos fundadores da associação
ambientalista Almargem, faleceu na véspera do Natal, vítima de cancro. O
percurso de vida deste militante das causas ecológicas está associado aos
grandes debates e conflitos de interesses que ocorreram na região, desde a
década de 1980. O corpo está a ser velado na igreja Santa Ana, em Loulé,
seguindo esta quinta-feira para Setúbal onde será cremado.
Discreto na forma, perseverante na defesa de
princípios, assim o definem os mais próximos, lembrando que foi o “rosto
público” das grandes batalhas pela defesa do património ambiental e cultural,
numa região que nasceu tarde para esses valores. Natural de Gouveia, na Guarda,
João Santos vivia em Loulé, desde 1979. O professor de ensino secundário,
biólogo de formação, foi um dos mentores da criação de uma consciência
ecológica no Algarve, e teve seguidores de diferentes gerações. A Via
Algarviana é um dos muitos projectos que abraçou, e nem sempre teve a
compreensão dos poderes públicos.
“Homem de causas”, assim o define o actual presidente
da Almargem, José Raposo, recordando os “ensinamentos” que recebeu do mestre.
Primeiro, num programa sobre ecologia, na extinta estação Aloé Rádio, depois
pelos muitos debates em que se envolveram ao longo de três décadas. “Com
profunda tristeza e pesar”, a direcção da Almargem, comunicou a morte, aos 66
anos, do sócio n.º 1.
João Santos conhecia como poucos a história da região,
e soube fazer pontes como outras associações ambientalistas, quando estavam em
causa valores universais. Aconteceu, por exemplo, na defesa da Quinta da Rocha,
na praia do Alvor, na alteração do traçado da auto-estrada Lisboa/Algarve, para
preservar o sítio classificado da fonte da Benémola. Mas também levantou a voz
na discussão do Plano Regional de Ordenamento do Algarve (PROT), ou nos planos
de Ordenamento da Orla Costeira (POOC), que tanta polémica têm causado.
Umas vezes lutou contra o poder central, outras
opôs-se aos poderes locais, em nome dos princípios e valores em que acreditava.
Desse modo, a Almargem afirmou-se como uma referência na região e no país. É
“uma perda irreparável”, lamenta a actual direcção, garantido que os
ensinamentos “as qualidades humanas, científicas e pedagógicas” do fundador
fazem parte do património desta associação e vão continuar como um “guia” para
o futuro.