O dia do planeta
Terra
Maria Amélia Martins-Loução
22/04/2015 -
O planeta Terra mostra resiliência, como se se tratasse dum superorganismo,
apesar de todos os riscos que o Homem lhe faz correr.
O dia internacional do planeta Terra continua a passar
despercebido. Primeiro, porque em cada dia há um tópico a celebrar. Segundo,
porque com tantos problemas geopolíticos e socioeconómicos poucos pensam no
planeta. A informação sobre as possíveis ameaças em resultado do
desenvolvimento insustentável parece não assustar a humanidade. Afinal, a Terra
continua a dar-nos água, alimento (mais para uns do que para outros), recursos
vários.
O ponto de não retorno ainda não foi atingido e a “teoria de Gaia”, proposta
por James Lovelock, parece continuar a resultar: o planeta Terra mostra
resiliência, como se se tratasse dum superorganismo, apesar de todos os riscos
que o Homem lhe faz correr. Lembra a história de Pedro e o Lobo. Os
lenhadores não acreditavam nas partidas que o Pedro pregava, porque não havia
lobo, o problema foi quando ele apareceu mesmo. No caso do nosso planeta, os
cientistas avisam, não para pregar partidas, mas para alertar para os riscos e
consequências das nossas opções.
O planeta sofre riscos, cada vez mais complexos e interligados, que
transcendem fronteiras políticas e sectores económicos, tal como refere o
relatório recentemente publicado pelo World Economic Forum – ou seja, a
globalização está a alterar a natureza do risco, porque catástrofes num local
provocam efeito dominó noutras regiões. O caso mais paradigmático foi este ano
vivido pelo Brasil com o problema da falta de água potável em São Paulo, em
resultado do excesso de desmatação da Amazónia. Prevê-se, por exemplo, o efeito
da recusa de certas famílias em vacinarem os filhos a nível da saúde global,
mas não se discute ou analisa a repercussão que as opções alimentares têm para
a “saúde” do planeta. Mais carne na dieta alimentar implica necessidade de
maior área produtiva e mais desflorestação; mais barragens hidroeléctricas
promove energia renovável, facilita a agricultura de regadio, mas altera o
regime de sedimentação dos rios com consequências para a funcionalidade dos
estuários e vulnerabilidade da linha de costa.
A primeira tentativa de integração dos riscos globais dos diferentes
sectores surgiu há cinco anos, quando Johan Rockström e colaboradores definiram
barreiras planetárias e respectivas zonas de segurança para a humanidade. Já
nessa altura tinham sido ultrapassadas três barreiras: alterações climáticas,
ciclo do azoto e perda de diversidade. Actualmente, a alteração da paisagem é
outra das barreiras ultrapassadas. O sistema climático está directamente
relacionado com a quantidade, distribuição e balanço da energia no planeta; a
biodiversidade permite aumentar a resiliência às alterações abruptas ou
graduais; o ciclo biogeoquímico do azoto ligado aos fluxos
crosta-biosfera-atmosfera, com consequente influência nos dois sistemas
anteriores, está directamente relacionado com a necessidade de fornecer
alimento à população mundial; a alteração da paisagem tem vindo a ser
progressiva pelas mudanças sociais em países como a China e o Brasil.
Houve avanços que tornaram possível a expansão e desenvolvimento da
agricultura, como seja o advento da indústria de fertilizantes de azoto que
permitiu o aumento da produção e o consequente incremento populacional. Mas os
riscos continuados da revolução verde devem ser equacionados e geridos a nível
dos utilizadores. O interesse ou alienação do consumidor está directamente
ligado ao preço do produto, cujo fornecimento está ameaçado pelo elevado custo
de produção, desperdício, má distribuição. Para os agricultores, o interesse
imediato reside na maximização da produção, diminuição de pragas, ou nas
flutuações dos preços dos produtos, que o leva a decidir quando, onde e como
produzir. As repercussões sociais e ecológicas dos interesses dos agricultores
e consumidores, como partes da cadeia de produção, nunca são integradas e deles
depende a regulação dos preços da energia, as alterações da paisagem, a
regulação dos serviços do ecossistema. É tempo de avaliar e contabilizar os
efeitos que as opções locais têm no ecossistema global, para evitar que a
história de Pedro e o Lobo se verifique. Vem isto a propósito da reunião
internacional que irá ter lugar na próxima semana no Ministério do Ambiente,
onde se irão debater os benefícios do desenvolvimento de um sistema de gestão
multidimensional dos fluxos de azoto. Sendo uma iniciativa científica, vai procurar
mostrar como o conhecimento coordenado e multidimensional pode, e deve,
suportar decisões políticas mais adequadas. Esperemos que esta não seja uma
oportunidade perdida.
Professora catedrática Universidade de Lisboa
Como a terra é linda, a nossa como é óbvio.Mas há um ponto na terra que se chama Vila Real Santo Antonio a onde acontece coisas muito singulares.
ResponderEliminarNeste momento está a decorrer às festividades do dia da fundação da cidade, mas o que me leva escrever é que mais uma vez deu entrada na nossa cidade para trabalhar na SGU um ilustre comentador e trabalhador da vila de Castro Marim.
Será que na nossa cidade não havia gente à procura de emprego?
Ou isto é mais um job for the Boys!
Não há é vergonha.
Este blog não tem um post desde Abril, é mau sinal começa a não ter tema para postar, estão a perder o pio ou quê?
ResponderEliminarForça amigos da mata, os camaleões contam convosco e o mar, o céu e a terra também. Vamos combater os maus, para dar aos bons.
Dorival Camaleão
O camaleão é da família dos lagartos, bichos rastejantes. É pré-histórico, tem mais de 100 milhões de anos, e apesar de feiozinho é simpático.
ResponderEliminarO homem camaleão tem algumas características do bicho, língua comprida e troca as cores, troca tintas e, infelizmente, não é espécie em extinção.