21 junho 2017

AMA SOLIDÁRIA COM AS VÍTIMAS DOS INCÊNDIOS





AMA SOLIDARIZA-SE COM AS VÍTIMAS DOS INCÊNDIOS



O fogo continua a consumir o país e a causar mais vítimas e destruição. Se é verdade que as alterações climáticas provocadas pelo homem aumentam o risco de catástrofes mais uma razão para se intensificarem as medidas preventivas.

A paisagem diz muito sobre o homem e ela é o que o homem é. O ordenamento e ocupação do solo agrícola ou industrial, as habitações e as estradas e caminhos, tudo o que o homem constrói modela a paisagem e evita, reduz ou potencia as consequências das calamidades.

Em relação à chamada Floresta portuguesa, na maioria dos casos são matas e não floresta, temos de salientar o facto de 98% ser privada e só 2% ser pública ( a média europeia da floresta pública é muito superior à portuguesa, mais de 50%).

São 8,4 milhões de solos rústicos que pertencem a 2,9 milhões de proprietários de 11,6 milhões de parcelas. Estes números são duvidosos dado não haver um cadastro completo do território nacional, ignorando-se a quem pertence áreas significativas do mesmo.

Esta propriedade do solo fraccionada em pequenas parcelas, em que um número significativo delas não são cultivadas, tratadas ou limpas, são verdadeiras bombas de fogo à espera de explodir.

Não podemos esquecer nem ignorar a pobreza do interior, pequenos povoados e aldeias de pessoas idosas já sem força ou vontade de trabalhar e, sobretudo, sem meios para cuidar das matas ou pagar a quem delas cuidasse.

A propriedade é privada mas os desastres são despesas públicas. A integração das áreas sem dono deverão ser integradas no património público e não serem dadas às autarquias dado ser conhecido o seu apetite ganancioso para a especulação imobiliária.

A desertificação do interior é um facto, agravado com políticas desumanas em que só o deve/haver funciona, fechando escolas, postos de saúde, correios, acabando com carreiras de transportes públicos e por aí fora, forçando a expulsão da vida desses lugares. A redução dos habitantes leva ao abandono dos baldios, das actividades agrícolas e de pastorícia, da recolha de lenha, ao desaparecimento do gado que se alimentava dos campos e estes enchem-se de urzes, estevas, de tojos e outras plantas à espera do fósforo ou raio que as inflame.

Nas matas para além dos matos crescem novas espécies como acácias, mimosas e particularmente eucaliptos, reduzindo a humidade do ar e dos solos.

Sabe-se como funcionam os lobbies dos madeireiros e das celuloses, e até dos equipamentos dos bombeiros.

Tudo isto é conhecido há muitos anos, data de 1965 um relatório dos Princípios Básicos da Luta Contra Incêndios na Floresta Portuguesa, feita por entendidos na matéria que continua no fundamental actual.

Volta-se sempre ao mesmo: necessário definir uma política florestal, ordenar o território, limpeza e vigilância.

Mais recentemente (2006), foi elaborado um Plano de Defesa da Floresta contra Incêndios que ficou reduzido ao mínimo dado ser "demasiado ambicioso".

Na AR existem relatórios por publicar com anos de atraso.

Iluminados acabaram com os Guardas Florestais e os Guarda Rios, que tinham conhecimentos e provas dadas na vigilância e na prevenção, verdadeiros vigilantes da natureza numa altura em que era necessário aumentar o número. O resultado está à vista.

Foram integrados na GNR para serem mandados por militares que do assunto nada sabem.

Não se entende dado os avisos do IPMA sobre o agravamento do tempo e dos perigos que poderiam ocorrer que tudo ficasse na mesma, mantendo-se só para 1 de Julho a entrada em funcionamento da Fase Charlie, como se o clima respeitasse calendários. Imprevidência e irresponsabilidade.



Saliente-se que este ano, entre 1 de janeiro e 12 de Abril, já tinham ocorrido 2.900 incêndios (em 2016 foram 13.079 com 160 mil hectares ardidos).

Tudo já foi estudado e debatido, como devem ser os aceiros, quantos metros livres de vegetação devem ter as bermas das estradas, a quantos metros das habitações não podem existir vegetação arbórea etc. Quem fiscaliza?

A maioria das verbas vão para o combate ao fogo (90%). Que resta para a limpeza e a vigilância permanente?

Que verbas são destinadas para a formação de meteorologia de incêndios?

A Defesa Civil do Território funciona? Os concelhos têm operacionais os serviços de Protecção Civil?

O fogo ignora os limites concelhios pelo que se ignora se existem planos de defesa contra incêndios a nível regional?

Não deveriam os PDM precisar as áreas florestais implicando a vigilância e tratamento delas e os meios adequados para as defender?

Não fica evidente que a Regionalização faz falta para melhor se elaborar planos para toda a região com maior eficácia na coordenação dos meios existentes?

O debate que a tragédia de perdas de vidas e bens provocou não pode ficar assim, tem de ter desta vez consequências, o Estado tem de recuperar autoridade política e moral para concretizar o ordenamento do território e traçar objectivos para a floresta portuguesa.

Sobre a Mata Nacional das Dunas em tempo oportuno sobre ela falaremos, mas aguardamos o que irão propor as forças políticas concorrentes à autarquia.

AMA
21 DE JUNHO DE 2017





1 comentário:

  1. "Partidos aceleram reforma florestal até 19 de Julho...":
    HIPÓCRITAS!!!
    Luigi Rolla

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