Dos Jornais
VRSA: autarquia inicia obra de remodelação na cobertura do Mercado Municipal
Primeira fase de requalificação do Mercado Municipal de VRSA está concluída.
O Srº Vice-Presidente afirma por seu turno:
A OBRA “CORRESPONDE A UMA AMBIÇÃO HÁ MUITO DESEJADA, DANDO MELHORES CONDIÇÕES A QUEM COMPRA, A QUEM VENDE E A QUEM NOS VISITA”, EXPLICA O VICE-PRESIDENTE DA AUTARQUIA DE VRSA, LUÍS ROMÃO. “POR OUTRO LADO, QUEREMOS TORNAR O MERCADO MAIS ATRACTIVO E MAIS DINÂMICO PARA QUE AS PESSOAS REGRESSEM A ESTE ESPAÇO QUE SERÁ, NO FUTURO, NÃO SÓ UM PONTO DE COMÉRCIO, MAS TAMBÉM DE LAZER E ESTADIA”, AFIRMA O AUTARCA.
A realidade porém é outra. É de lamentar a cegueira de querer de tudo tirar partido político e fazer propaganda grandiosa do mais pequeno e corriqueiro acto.
Afinal a montanha pariu um rato e perdeu-se a oportunidade, em nosso entender, de fazer uma reforma a sério do Mercado Municipal.
O texto que se publica da autoria do Srº ATacão esclarece técnicamente e não só as vicissitudes da obra e desmonta a auto-propaganda feita.
AMA
Mercado Municipal
Análise
Critica á “Requalificação Mediática”
Generalidades
O Mercado Municipal de V.R.S.A. é,
seguramente, o pior de todos os mercados activos do Reino dos Algarves. Este
provável estatuto permitir-lhe-ia, na senda da promoção da nobilidade ensaiado
pelo anterior califado, candidatar-se a património mundial desmaterial da
mediocridade.
A sua provecta idade de cerca de
quatro décadas, aliada á mais ignominiosa incúria das autarquias que provêm da
sua génese, mais o assemelha a um equipamento de concepção/utilização medieval.
Contudo esta vetusta idade nada é, comparando-a com a do recentemente REQUALIFICADO
mercado de Olhão.
O seu declínio mais se acentuou com o inenarrável
reinado do sátrapa Gomes e suas rémoras correligionárias, (i)rresponsáveis pela
gestão do pelouro durante o último decénio, e a que consagraram o mais ignóbil
e sobranceiro desprezo.
Como corolário do atrás exposto, aliado
ao inevitável desgaste e á obsolescência do equipamento, justo é salientar que
a um Luís Romão, bom de bola e exímio contorcionista, mas parco de engenho, esgotado
este na arte da promoção dos bens metafísicos e da elaboração meticulosa de
biografias sobre o emparelhamento dos átomos, e a quem o termo projecto, escutado pela primeira vez, lhe
cause a confusão não étima mas fonética com dejecto, lhe saiu um presente anunciadamente envenenado.
De entre as suas incontáveis maleitas
sobressai notavelmente a constituição material da sua cobertura em
fibrocimento, que aglutina resíduos de amianto.
A proibição legal da sua utilização,
longe de constituir um “ambicionado anseio da população”, remonta já ao
longínquo ano de 2005 (DL n.º 101), e a obrigação da sua remoção, ao ano de
2007 (DL n.º 266), pelo que peca por tardia a recente iniciativa de promover
obras para a sua consumação.
Outro problema de extraordinário
impacto e semelhante dimensão, é o que configuram as redes prediais de águas
residuais (despojos orgânicos resultantes da manipulação do pescado) e
pluviais, tanto no que concerne á sua deficiente concepção original, como ao
desgaste e desactualização (subdimensionamento) dos materiais e calibres em
uso.
A temida austeridade, e provavelmente
a superior ignorância acerca da incomensurável valia dos recursos humanos
internos (entenda-se o fecundo quadro de técnicos superiores), pode ter levado
o vereador a abdicar ou melhor a claudicar na necessidade de elaboração de
projecto, para a execução da hilariante obra de “requalificação do mercado”,
trocando-o por uma profusa e patética publicidade nos media, e
surpreendentemente alterando a politica de contratação elitista praticada anteriormente,
de forma opaca e contumaz, mas com evidentes contornos de inocultável
cumplicidade, pelo melífluo Delapidador-Mor dos fundos, dos espaços e da honorabilidade
pública.
Factualidades
(em forma de
decálogo)
1 – A planta que se supunha
corresponder ao Levantamento Arquitectónico do Mercado mente, ao considerar a
existência de dois conjuntos sanitários, quando na realidade não é mais que
unicamente um.
2 – Dispensa comentários a notável
intervenção levada a efeito no mesmo.
3 – A remoção das placas de
fibrocimento foi, seguramente feita á revelia dos procedimentos de segurança
legalmente exigidos e sem o conhecimento da Autoridade para as Condições do
Trabalho.
4 – Os painéis de substituição
deveriam ter forra térmica interna, com espessura compatível ás altas
exposições solares, de incidência quase vertical em períodos de solstício, face
á suave inclinação das águas da cobertura.
5 – O acrílico, ou seu sucedâneo, utilizado
nos lanternis zenitais, deveria integrar uma película de obscurecimento
transparente interno, de forma a eliminar reflexos e excessos de luminosidade,
com perturbações na leitura dos monitores digitais das balanças.electrónicas
6 – O nível de intervenção nesta zona
da cobertura mereceria uma melhor solução que a adoptada para eliminação dos
tubos de queda das águas pluviais, que vinham caindo internamente, contornando
grotescamente os capitéis das colunas do foyer. O ramal suspenso em PVC agora utilizado,
pode vir a ser eficaz, mas por si só, é um elemento estético intrusivo e
chocante. A oportunidade seria excelente para melhorar as condições de
arejamento transversal das naves.
7 – A aplicação, sem aparente
critério, da monomassa asfáltica no pavimento foi irremediável e duplamente
catastrófica.
8 – Sem projecto, e confiando na “sábia
experiência empírica” da empresa executante, não foi feito e indispensável
levantamento topográfico das caixas de pavimento, e prescindiu-se misteriosamente
de fiscalização e acompanhamento.
9 - Não se definiram previamente a
orientação das pendentes transversais. Não se providenciou a abertura de
sumidouros longitudinais a eixo dos percursos de circulação, causando um permanente
lençol de inundação dos mesmos, nas zonas particularmente mais sensíveis do
contacto com as bancas de venda e reduzindo drasticamente a altura de confronto
público.
10 – A prometida intervenção nas
mesmas, abstraindo-nos dos danos causados pela sua redução altimétrica, seria
obrigatoriamente a do seu revestimento superior em chapa inoxidável, á
semelhança do que foi, exemplarmente, praticado por alguns vendedores, e usuais
em todos os mercados nacionais. (higiene dixit).
ATacão