09 junho 2018

AS ANDANÇAS DA AUDITORIA



Esta semana, no dia 5 de Junho, assistimos a mais uma cena na câmara municipal digna de uma ópera-bufa. A auditoria pedida pela oposição para se examinar as contas camarárias, como seria de esperar, não passou. Diz o ditado “quem não deve, não teme” pelo que quem deve teme, pode-se concluir.
O vendedor de jornais Chavelhita, figura típica e filósofo popular de há umas décadas atrás, disse a respeito de umas contas que “as contas estavam certas, faltava era o dinheiro”.
O mesmo se pode dizer das contas de VRSA, parecem estar certas, faltam só 152 milhões de euros (dívida oficial da câmara e SGU juntas), segundo afirmou na reunião de câmara desta semana a sua presidente.
O Revisor Oficial de Contas encarregado de verificar as contas da Câmara ofereceu-se para explicar aos vereadores as contas apresentadas pelo executivo. Recusou-se porém a “esclarecer” os vereadores caso fossem acompanhados por especialistas na matéria quer dos seus partidos quer técnicos da sua confiança. Estranho, os vereadores não têm de ser obrigatoriamente especialistas em contabilidade ou finanças.
Este senhor revisor foi imposto na reunião com a qual nada tinha a ver pela Srª Presidente e apoio dos outros vereadores PSD.
Tal parece mais um estratagema e uma desculpa para sabotar qualquer exame às dívidas camarárias da parte do actual executivo São Cabrita/Luis Romão, e o argumento de que a Câmara devido ao PAEL  (Programa de Apoio à Economia Local) e FAM (FUNDO DE APOIO MUNICIPAL) impostos à autarquia obriga que esta seja quase mensalmente controlada não convence, dado que não se vê no concreto mudanças na acção despesista camarária.
Invocar argumentos de que seria moroso e de elevados custos uma auditoria aos últimos 16 anos não deixa de ser espantoso. Então foram 16 morosos anos despesistas sem qualquer rebate de consciência e só agora existe preocupação com uma despesa para clarificar como tal foi possível?
Com os 3 votos a favor da oposição a proposta de auditoria foi recusada com os 4 votos PSD.
 Afinal para que servem as eleições se aos eleitos se nega a prestação de contas?
Como já dissemos o problema não é técnico, é político. Por exemplo, as contas das viagens camarárias a vários continentes podem estar certas, isto é estarem lá todas as despesas com hotéis, viagens, refeições etc. Mas quem autorizou tais despesas? , havia dinheiro para as mesmas? , Justificavam-se? , quais os benefícios resultantes para o concelho? Ou não passou de turismo político?
Não se tem pago a água fornecida ao concelho pela Águas do Algarve por haver um diferendo que prejudicaria o concelho? Então o que foi feito ao dinheiro pago pela população pelo consumo da água mais a taxa pesada sobre a mesma? Foi sendo depositado num banco para se pagar na altura oportuna o fornecimento de água ao concelho?, ou se gastou indevidamente noutras despesas que nada tinham a ver com o assunto? Quanto se gastou com escritórios de advogados para defender a câmara em tribunal contra as Águas do Algarve?. O que ganhou a população do concelho com esta situação?
É para isto que serve uma auditoria, não é uma questão de Deve & Haver, as contas podem estar certas mas politicamente serem uma fraude. A população de VRSA tem o direito de saber qual a causa de tão escandalosa e grave dívida. A democracia tal exige, e os eleitos têm o dever de exigirem tirar a questão a limpo.

“Mudam-se os tempos mudam-se as vontades”, escreveu Camões, agora talvez diria “Mudam-se os tempos, mudam-se os negócios”. O povo de VRSA dizia “que o falar vai dos queixos”, isto a propósito de pessoas que em 2006 pediam auditoria quando estavam na oposição e agora no poder já não querem. Porque será?




AMA

1 comentário:

  1. PELO CARTAZ PARECE-ME QUE UM DOS SRS QUE EXIGIA A AUDITORIA COM ALGUMA FERVÊNCIA ERA O ACTUAL VICE-PRESIDENTE LUIS ROMÃO NA ALTURA MEMBRO DO SECRETARIADO DO P.S. LOCAL

    ResponderEliminar