Esta semana, no dia 5 de Junho, assistimos a mais uma cena na câmara
municipal digna de uma ópera-bufa. A auditoria pedida pela oposição para se
examinar as contas camarárias, como seria de esperar, não passou. Diz o ditado
“quem não deve, não teme” pelo que quem deve teme, pode-se concluir.
O vendedor de jornais Chavelhita, figura típica e filósofo popular de há
umas décadas atrás, disse a respeito de umas contas que “as contas estavam
certas, faltava era o dinheiro”.
O mesmo se pode dizer das contas de VRSA, parecem estar certas, faltam
só 152 milhões de euros (dívida oficial da câmara e SGU
juntas), segundo afirmou na reunião de câmara desta semana a sua presidente.
O Revisor Oficial de Contas encarregado de verificar as contas da Câmara
ofereceu-se para explicar aos vereadores as contas apresentadas pelo
executivo. Recusou-se porém a “esclarecer” os vereadores caso fossem
acompanhados por especialistas na matéria quer dos seus partidos quer técnicos
da sua confiança. Estranho, os vereadores não têm de ser obrigatoriamente
especialistas em contabilidade ou finanças.
Este senhor revisor foi imposto na reunião com a qual nada tinha a ver pela
Srª Presidente e apoio dos outros vereadores PSD.
Tal parece mais um estratagema e uma desculpa para sabotar qualquer exame
às dívidas camarárias da parte do actual executivo São Cabrita/Luis Romão, e o
argumento de que a Câmara devido ao PAEL (Programa
de Apoio à Economia Local) e FAM (FUNDO
DE APOIO MUNICIPAL) impostos à autarquia obriga que esta seja quase
mensalmente controlada não convence, dado que não se vê no concreto mudanças na
acção despesista camarária.
Invocar argumentos de que seria moroso e de elevados custos uma auditoria
aos últimos 16 anos não deixa de ser espantoso. Então foram 16 morosos anos
despesistas sem qualquer rebate de consciência e só agora existe preocupação
com uma despesa para clarificar como tal foi possível?
Com os 3 votos a favor da oposição a proposta de auditoria foi recusada com
os 4 votos PSD.
Afinal para que servem as eleições se aos eleitos se nega a prestação
de contas?
Como já dissemos o problema não é técnico, é político. Por exemplo, as
contas das viagens camarárias a vários continentes podem estar certas, isto é
estarem lá todas as despesas com hotéis, viagens, refeições etc. Mas quem
autorizou tais despesas? , havia dinheiro para as mesmas? , Justificavam-se? ,
quais os benefícios resultantes para o concelho? Ou não passou de turismo
político?
Não se tem pago a água fornecida ao concelho pela Águas do Algarve por
haver um diferendo que prejudicaria o concelho? Então o que foi feito ao
dinheiro pago pela população pelo consumo da água mais a taxa pesada sobre a
mesma? Foi sendo depositado num banco para se pagar na altura oportuna o
fornecimento de água ao concelho?, ou se gastou indevidamente noutras despesas
que nada tinham a ver com o assunto? Quanto se gastou com escritórios de
advogados para defender a câmara em tribunal contra as Águas do Algarve?. O que
ganhou a população do concelho com esta situação?
É para isto que serve uma auditoria, não é uma questão de Deve & Haver,
as contas podem estar certas mas politicamente serem uma fraude. A população de
VRSA tem o direito de saber qual a causa de tão escandalosa e grave dívida. A
democracia tal exige, e os eleitos têm o dever de exigirem tirar a questão a
limpo.
“Mudam-se os tempos mudam-se as vontades”, escreveu Camões, agora talvez
diria “Mudam-se os tempos, mudam-se os negócios”. O povo de VRSA dizia “que o
falar vai dos queixos”, isto a propósito de pessoas que em 2006 pediam auditoria
quando estavam na oposição e agora no poder já não querem. Porque será?
AMA
PELO CARTAZ PARECE-ME QUE UM DOS SRS QUE EXIGIA A AUDITORIA COM ALGUMA FERVÊNCIA ERA O ACTUAL VICE-PRESIDENTE LUIS ROMÃO NA ALTURA MEMBRO DO SECRETARIADO DO P.S. LOCAL
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