A Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental de Faro (FAROON), organizou recentemente um debate sobre a arquitectura algarvia, tema que, infelizmente, anda muito arredado das preocupações dos nossos autarcas.
A arquitectura é, muitas vezes, para um olhar forasteiro, a primeira impressão da identidade de uma região ou de um povo. Uma manifestação cultural ligada ao clima e à orografia, à forma como esse povo criou a sua forma específica de habitar, de se integrar na paisagem e se defender do clima.
Na natureza não há casas, pelo que o homem não teve exemplos para copiar ou copiar modificando. A casa é uma obra humana que foi sendo feita com múltiplas funções, desde a de defesa até à cidade com edifícios que aliaram as funções a uma presença de sumptuosidade e beleza.
No debate mencionado foi salientado o facto de a arquitectura popular algarvia não estar a ser
resguardada, por vezes descaracterizada e o risco de vir a desaparecer é real.
É uma pena que assim seja, é uma manifestação da identidade algarvia e um valor turístico apreciado pelos estrangeiros que nos visitam.
As principais características desta arquitectura são as paredes com o branco da cal, as cantarias de calcário, as platibandas, as chaminés, açoteias e telhados de tesoura.
É um património que tem de ser defendido, preservado e reabilitado.
Não existe, que se saiba, uma política nacional de arquitectura, como não existe política nacional em tantos outros domínios. A nível regional naturalmente também não, e aqui está mais um motivo da necessidade da regionalização, que poderia contribuir para que esta riqueza patrimonial não desapareça. Não se pretenderá a uniformização das casas, mas o que hoje vemos é a mais completa banalização urbanística, faz-se igual em todo o lado, a maioria das vezes de má qualidade e sem beleza, criando zonas tristes e sem vida própria.
Em Vila Real de Santo António temos acrescentado a herança pombalina, mas também casas típicas que merecem ser conservadas e reabilitadas outras, um património que deveria estar estudado e classificado para potencializar a diferença que atrai e enriquece. Mais uma achega a integrar o novo e urgente PDM.
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