PLANO DE PORMENOR DE MONTE GORDO  NASCENTE
(Terrenos do actual Parque de  Campismo)
Discussão Pública
A AMA – Associação de  Defesa e Promoção do Património Ambiental e Cultural do Concelho de Vila Real de  Santo António, após tomar conhecimento da proposta de Plano de Pormenor para os  terrenos do Parque de Campismo de Monte Gordo, vem expor o seguinte:
- Até ao dia  18 de Agosto decorre o período de discussão pública da proposta de plano de  pormenor para os terrenos do Parque de Campismo de Monte Gordo. Sendo Agosto o  mês tradicional de férias o que complica e torna difícil uma apreciação mais  cuidada da proposta apresentada, a Câmara  Municipal ao promover a discussão pública nesta altura e pelo período mínimo  previsto na lei, em plena época de férias, está a contribuir para uma discussão  deficiente e uma aprovação à pressa.
 - Esta  proposta é apresentada sem que estejam reunidas as condições necessárias para a  apresentação da mesma. 
 - Compete à  câmara apresentar e aprovar as propostas de planos de pormenor, sendo sua a  responsabilidade de assegurar a legalidade do mesmo sob pena da sua invalidade.  
 - A Câmara  Municipal apresentou um título de propriedade que nos levanta algumas dúvidas  quanto à sua legalidade e legitimidade. Esse título de propriedade foi obtido  através de uma escritura de usucapião feita num notário do Porto, alegando para o efeito o extravio dos  documentos de aquisição e a posse há mais de 50 anos de todo o terreno ocupado  pelo parque de campismo, o que nos parece não corresponder à verdade, visto  existirem documentos na câmara de datados de 1957 a identificar a área do mesmo,  além disso existe uma cedência de terrenos para ampliação do Parque de Campismo  com data posterior à década de 1950. Foi por isso solicitado às entidades  competentes informação acerca das cedências, áreas e tipo de cedências feitas ao  longo dos anos à Câmara Municipal de Vila Real de Santo António para construção  e ampliação do referido parque.
 - Vila Real de  Santo António tem um plano director municipal, que foi publicado em 1992, tendo  o referido PDM uma duração de dez anos;
 - Sendo o  essencial da filosofia do mesmo o uso do solo em todo o concelho.
 - Até há  presente data foram efectuadas algumas alterações pontuais do mesmo, não tendo  sido alterado o zonamento da área em causa.
 - A zona em  causa faz parte do zonamento da ZTE Zona de Turismo de Expansão.
 - O PDM -  Plano Director Municipal é um plano de hierarquia superior ao PP Plano de  Pormenor. Os planos de pormenor têm que estar subordinados ao PDM e a outros  instrumentos de gestão territorial tais como o PROT, POOC, REN, que têm  jurisdição sobre os referidos terrenos.
 - Na proposta  posta à discussão é dito que o referido plano de pormenor está condicionado por  uma parte da mata em causa fazer parte da REN, Reserva Ecológica  Nacional.
 - É dito que  após a aprovação do plano de pormenor, em primeiro lugar proceder-se-ia à  desactivação do parque de campismo, o que nos parece absurdo, ilegal e  ilegítimo, pois as cedências de parcelas da mata foram feitas ao longo dos anos  precisamente para a construção de um parque de campismo, e seguindo esta  programação seria desactivado o actual parque de campismo sem que se perspective  a abertura do novo parque de campismo em Monte Gordo.
 - Que dizer  aos milhares de turistas que fazem anualmente as suas férias no parque de  campismo? Irão ser despedidos as dezenas de empregados do parque de campismo? e  os comerciantes e empresas que abastecem o parque?
 - O PDM -  Plano Director Municipal, aprovado e publicado em 1992, prevê a mudança do  parque de campismo para a zona norte/poente de monte gordo, no entanto nunca se  ouviu falar na construção do novo parque de campismo, nem se conhece qualquer  plano ou intenção do actual executivo presidido pelo luís gomes para a  construção de novo parque de campismo em monte gordo. Tudo indicia que a  intenção do executivo municipal seja a de acabar com o Parque de Campismo de  Monte Gordo, o mais antigo do Algarve, para especulação imobiliária.
 - No que se  refere a contas, é de estranhar que um terreno que a Câmara Municipal de VRSA  terá vendido à empresa municipal SGU por 38.000.000 euros (trinta e oito  milhões de euros), segundo a proposta do plano de pormenor afinal valha  somente 6.698.000 euros (seis milhões seiscentos e noventa e oito mil  euros), será isto um bom negócio? Será claro e transparentes como devem ser  os negócios públicos?
 - Também é  dito que o decreto-lei n.º 794/76 5 Nov. (lei dos solos) é cumprido porque no  terreno contíguo estaria a ser construído (já está construído) um bairro social  a custos controlados. Efectivamente foram construídos os fogos previstos em  terreno municipal, construção de custos controlados, mas entretanto deixou de  ser bairro social, a empresa construtora, uma cooperativa, está a comercializar  os referidos apartamentos no mercado a preços similares aos que são vendidos por  outros promotores que não beneficiaram de vários factores que tornam os custos e  construção mais baixos.
 - Também é  dito que o parque habitacional de Monte Gordo que era essencialmente de 2ª  residência é hoje tendencialmente ocupado em regime de residência permanente, o  que não corresponde à verdade, é visível que a partir do mês de Outubro Monte  Gordo passa a ter um número muito reduzido de residentes para além dos naturais  da localidade
 - Quanto à  utilização prevista como ZTE – Zona de Turismo e Expansão, também nos parece não  ser esse o objectivo da proposta de plano de pormenor, pois a inclusão de  diversos blocos habitacionais, vem dar seguimento à política seguida em Monte  Gordo ao longo de décadas, construir apartamentos e mais apartamentos e quanto  mais pequenos melhor.
 - Em termos de  protecção da mata, também esta proposta não é a mais adequada, pois prevê  construções de edifícios de 7 pisos distantes 25 a 30 metros da mata, o que  representa um perigo para a sobrevivência da mesma, pois a distância  aconselhável deveria ser de 100 metros. Caso sejam construídos fazem recuar a  mata dezenas de metros com abate de centenas de pinheiros e restante  vegetação.
 - Monte Gordo  tem conhecido nos últimos anos a construção de diversos blocos habitacionais que  colocaram no mercado muitas centenas de novos fogos, no entanto este crescimento  habitacional não é acompanhado pela construção de equipamentos colectivos e  zonas verdes, e mais grave ainda é que o número de estacionamentos não aumenta  na mesma proporção.
 - A proposta  apresentada, no nosso entender, não reúne os pressupostos legais e técnicos para  ser viabilizada. Deverá ser retirada para que seja reformulada e se recomece  atempadamente a necessária discussão democrática que estes assuntos impõem.  
 
Vila Real de  Santo António, 16 de Agosto de 2011
Este documento foi enviado para as  seguinte instituições:-
Adm.da Região Hidrográfica do Alg
AFN (Autoridade Florestal Nacional)
AIGAOT (Inspecção -Geral do Ambiente e do Território)
ANPC (Autoridade Nacional de Protecção Civil) 
APA (Agência Portuguesa do Ambiente)
Capitania do Porto de VRSA 
CCDR-Algarve
Direcção Regional da Economia do Centro (DRE - Centro) 
Direcção-geral do Tesouro e das Finanças 
Gabinete do Ministério de Estado e das Finanças"Governador  Civil 
ICNB-LISBOA 
Inspecção Geral de Administração Local 
Procudaria Geral da República 
Provedor da Justiça
SPA (Sociedade Protectora dos Animais) 
SPEA (Sociedade Portuguesa para o estudo das Aves) 
ARH Algarve 
CCDR Algarve  
DGADR (Direcção Geral de Agricultura e Desenvolvimento  Rural) 
Considero este documento uma peça muito importante e que deve ser tida em consideração na discussão pública do Plano de Pormenor.
ResponderEliminarSugiro que a AMA o envie aos partidos políticos com representação em Vila Real de Santo António.
Pode ser que o documento os lembre das suas responsabilidades na discussão pública.
Também estou de acordo com o envio da posição da AMA aos com representação em Vila real de Santo António, devendo haver uma certa insistência junto dos eleito da Câmara e da Assembleia Municipal, pois tenho verificado que os deputados municipais do PSD são os que conhecem menos os temas que vão à Assembleia Municipal e limitam-se a votar a favor ou contra conforme as indicações que lhes são transmitidas.
ResponderEliminarA votarem de forma inconsciente eventuais ilegalidades, não venham mais tarde queixar-se das consequências que daí podem advir.